Descobri ao ler alguns textos e ouvir fotógrafos a falar que sou do tipo de pessoa que gosta de tirar as fotos de forma instantânea, ou seja, deixar-me levar pelo momento de modo que só existe algo numa situação e eu como espectador silencioso, quase como acontece quando estamos a assistir a um espetáculo de palco.
Não gosto de pensar quando o estou a fazer. Mas sim, deixar-me levar pelo que está a acontecer de modo a conseguir transportar o que vivi até então para as fotografias. Sejam essas vivências relacionadas com viagens, emoções de pessoas, lugares ou música. Gosto de fotografar com emoção, e que isso transpareça na fotografia.
Pois bem, isto é muito bonito certo?
Mas a verdade é que, com sorte, momentos assim até podem acontecer algumas vezes. Ora imaginemos que estamos numa situação brutal, envolvidos numa atmosfera incrível, as configurações da máquina até estão bem, nós estamos na posição certa e a hora do dia é a melhor. E voilá! Tenho uma fotografia em 100 que digo – esta sim, está brutal.
No entanto, quando não se dominam as técnicas falha-se imenso. De entre os quais, se destaca o pior dos erros que é repetir a mesma asneira esperando obter um resultado diferente, acrescida da não consciência do
que se está a fazer. E aí, meus amigos, a frustração atinge-nos brutalmente, quando ao rever 200 fotos, penso: Dammm…nem uma? “Umazinha”?! Uma, que me faça parar, olhar e pensar – “Ganhei o dia!”.
E, seguem-se as questões:
– Que configurações usei aqui e ali? (gosto de arriscar tudo e fotografar em modo manual)
– Como estava a luz?
– É a composição?
– Qual era afinal o meu objectivo com esta fotografia? O que quero realçar efectivamente? Mas não era isto que eu tinha imaginado…
– Como estava eu? Confortável? Contente com os semi resultados? A carregar no botão sem pensar muito? A pensar demais?
-Ahhhhh, socorro! Que raio correu mal?!!!!
Estão a perceber os labirintos mentais em que me meto, só porque gosto de imagens?!
Isto de bonito não tem nada, mas a sorte é que apesar da frustração estar ali a martelar (tipo um martelo nas festas de São João, estão a ver?), a teimosia não deixa a coisa por meia medida e contra-ataca com mais mil ideias onde a palavra desistir não faz parte do dicionário. Talvez só uma pausa para um gelado ou um passeio introspectivo pronto.
O que verdadeiramente quero e preciso, é que deixe de ser “sorte” apanhar “aquele momento” e passe a ser uma constante controlada. Isto até pode parecer um contra-senso, tendo em conta que comecei este texto por dizer que cheguei à conclusão que gosto de fotografar mais com a emoção e menos com a razão, mas a verdade é que podemos ter os dois.
Passo a explicar: pretendo ter o meu instinto treinado.
Isto significa saber o suficiente para um nível teórico e técnico, ao ponto em que consiga dominar o potencial do equipamento de tenho, de modo a conseguir configurar para o resultado que pretendo com aquela situação. Com isto, após ter as configurações e demais técnicas controlados fica o espaço para viver a fotografia com a amplitude criativa e emocional que realmente me atrai.
Então vamos lá!
As máquinas fotográficas e eu, segue a lista das que me lembro que usei ao longos destas 3 décadas:
– máquinas descartáveis em visitas de estudos e férias; tantas foram as experiências e respectiva expectativa que guardava (impa)cientemente durante semanas até recolher tudo e ir à loja para revelar e imprimir. Era uma risota e dias de partilha os que se seguiam
– uma máquina analógica do meu pai, cuja marca não me lembro, mas que tirava fotos “de categoria” segundo o próprio
– uma Polaroid sofisticada do meu pai (máquina do lado direito na foto do primeiro post), que usavamos em momentos especiais pois já não restavam muitas “munições”
– uma máquina de fotografias instantâneas da polaroid, que me foi oferecida quando os meus pais me compraram uma máquina de calcular gráfica Casio para a escola. Apesar de ter dado mais uso à máquina de calcular, a de fotografar, por seu lado, foi a que me deu mais gozo! Ainda é viva, mas não a uso há “alguns”anos.
E, depois, começou a minha aventura nas digitais…
Tive, humm, quantas? Ah, se não me engano 4 até agora.., ora vejamos:
– uma canon pequena a pilhas, sem modo manual, mas com uns modos automáticos que funcionavam quase como uns filtros do actual instagram, bastante interessantes e aos quais dei bastante uso na altura. esta morreu num acidente trágico ao cair de uma secretária…foi fatal, com óbito declarado no local e tudo.
– voltei à canon, deixa feita também com pilhas (as com bateria eram muito caras para o meu orçamento na altura); mas agora já com modo manual. esta ainda é semi-viva, está aposentada devido à sua incapacidade de se manter muitas horas no activo (as pilhas..estão a ver o filme certo?), e já não segura o cartão de memória como fazia em jovem
– pelo caminho e antes de me aventurar numa máquina “mais às éria”, foi então que decidi comprar uma máquina pequena (rosa choque) da Sony. Uma cyber-shot compacta, que ainda me dá muito jeito pois tem uma bateria que dura bastante e funciona como uma máquina digital “descartável” por ser tão fácil de transportar e enfiar num cantinho de uma mala ou casaco
– e como não há duas sem três,.. à terceira, e quando decidi investir numa máquina Reflex/EOS, voltei novamente à Canon. Comprei a nova versão de um modelo que “namorava” há anos e que hoje a minha companheira de aventuras: uma Canon 100D
Por fim, veio a brincadeira da Lomografia, e com ela a máquina analógica Diana F+ (máquina do lado esquerdo na foto do primeiro post). Que uso de vez em quando. Tento me conter no seu uso, pois quando entro em modo “analógico”, e a máxima do “não penses demais, carrega no botão!” vem ao de cima de modo muito vincado e depois os rolos + digitalizações + revelações desta brincadeira ainda ficam dispendiosos. Mas quando acerto “naquela” foto, o resultado é altamente. Tem um efeito bastante diferente do digital. Sente-se nostalgia nas imagens criadas por esta máquina, bastante interessante. Detalhes a explorar, quiça, num post futuro.
Depois da explanação no que às experiências com máquinas fotográficas diz respeito, vamos aos pontos práticos que podem ajudar na altura de escolher a máquina que precisamos.
Categorias de máquinas digitais (sem consideração de marcas, nem detalhes técnicos):
– compactas com lente fixa: são pequenas, leves, com boa bateria, na sua maioria vê-se pelo visor as imagens a fotografar, são mais limitadas na sua configuação.
– máquinas com lentes substituíveis, porte pequeno: é o bom casamento entre uma compacta mais simples e as do nível superior. A gama destas máquinas bastante grande o que permite ser usada por amadores e profissionais. O corpo e as lentes como podem ser comprados em separado, ajuda na costumização – eu tenho uma Canon 100D e duas lentes: 50mm e 18-135mm
– máquina de porte médio e full-frame: máquina dispendiosas, usadas por profissionais que têm necessidades especificas, como p.ex. Imprimir em grande escala uma imagem com definição ao mais pequeno detalhe. Nunca experimentei.
– máquinas grandes e full-frame: máquinas dispendiosas, usadas por profissionais de arquitectura p.ex.; são de porte grande e como tal não são práticas para rua. Nunca experimentei.
Em última análise, a escolha da máquina, e segundo o que eu acredito como fotógrafa amadora, tudo recai naquela máquina que está dentro do teu orçamento e te faz sair à rua e tirar fotos. Seja ela analógia ou digital. O fazer asneiras faz parte do processo de aprendizagem. Não te retenhas por não teres a tua máquina de sonho, isso é uma ilusão, a tecnologia muda a uma velocidade alucinante assim como as modas. Dos documentários dos grandes fotógrafos, os profissionais que dominam as técnicas e tratam as máquinas por “tu”, a ideia que transparece é sempre a mesma: escolheram um equipamento, acreditam nele após testarem consoante o que pretendem e ficam por ali. Apesar das mil opções do mercado e das modas, eles ficam fiéis à sua máquina, à sua lente.
P.S.: A imagem deste post foi criada com uma compacta sem modo manual.
See you around!