Local: Home Sweet Home Tiny Garden
Máquina Fotográfica: Canon 100D
Lente: Canon EF 50mm f/1.8 STM
Abertura: f/6.3
Velocidade: 1/320
ISO: 100
Lembro-me perfeitamente da primeira vez que ouvi esta palavra – Polimorfismo.
Era tempo de universidade, estava numa sala de aula dedicada à aprendizem de C++ (uma linguagem de programação), que era leccionada por um professor que andava a mil à hora quase a fazer lembrar o professor Einstein com o seu cabelo a deslocar-se à velocidade dos seus pensamentos. Daquele tipo pessoa e professor que cruza o teu caminho e pensas: “Quando for grande quero ter aquela garra!”. E lá estávamos nós, agarrados à secretária a tentar acompanhar a sua velocidade supersônica quando oiço o que seria o próximo assunto, e a palavra ficou-me retida na memória e transportou-me para o meu imaginário longe dos bits e dos bytes informáticos.
A palavra continuava a entoar o seu som na minha cabeça mas em câmera lenta – poli…mor…fis…mo. Até que chegou o momento de a voz daquele senhor que estava ali para fazer o seu conhecimento virar aprendizagem parar de falar e explicar explicitamente: “é a capacidade de um objecto ganhar várias formas de si mesmo”. E eu olhava fixamente, com a caneta congelada na mão e pensava: “Claro! Óbvio! Isto deve vir do Grego só pode…esse tal ‘Poli’ não me engana.”; para nos segundos a seguir ser invadida pela segunda fase da coisa: analogias, e pensar que isto das linguagens de programação têm o ser quê de ser social.
No passado dia 23/07/2017, a minha cadela, de nome Mika e carinhosamente apelidada como crocodila devido aos seus dentinhos que deram nova imagem a vestuário e mobiliário por onde passou, fez 3 anos de vida.
Parece que foi no outro dia que aquele piolho que tinha mais orelhas que pernas entrou na nossa casa e na nossa vida, com o seu tamanho minúsculo e personalidade gigante. Desde a primeira vez que trocamos olhares que ela fez questão de mostrar a sua personalidade, que alguns poderiam apelidar de mau feito, adorei! – achei que tinha garra e sabia mostrar quem era sem medo. Gostei imediatamente daquele piolho que só de tentar ladrar quase dava uma cambalhota. Estava eu longe de imaginar o percurso que se seguiria e as várias formas de mim mesma que ia descobrir com aquele ser. Tantas vezes morri de amores por aqueles olhos e atitudes e tantas outras que me questionei da decisão tomada de a ter convidado a vir. Mas a verdade é que se algo/alguém nos atrai e nos dá medo é porque ou temos algo a aprender em troca ou porque gostamos realmente com toda a nossa energia. Neste caso digo que foi, e é, uma mistura dos dois. O piolho de meses tem crescido e apesar de serem apenas 3 anos parecem uns 30, se a sua vida fosse pesada tendo por base as aprendizagens por ela despoletadas como unidade de medida.
Enquanto nós, ser racionais, vamos ganhando determinadas formas consoante o grupo social, dogmas, medos, pressões ou objectivos pensados; os animais, esses seres são eles próprios 24 horas por dia. As diferentes formas que assumem são sempre instintivas, baseiam-se nelas para reagirem, não têm esquemas nem pretendem demostrar nada, muito pelo contrário – se há coisa que tenho aprendido com os cães ao longo da minha vida, e em especial com a Mika é que enquanto nós, humanos, tentamo-nos reflectir em alguém; eles, por outro lado, e de um modo natural assumem diferentes formas para nós nos vermos reflectidos. Depois é uma questão de estarmos atentos, e aproveitarmos esta relação em si tão pura e especial para sermos melhores seres humanos – talvez a melhor versão de nós mesmo a seus olhos.
Obrigada pelo desafio crocodila!