Hoje o meu sistema interno resolveu acordar antes do despertador dar ar de sua graça. Não sei a razão pela qual, mas também não questionei. Fiquei ali entre o deambular de pensamentos imaginativos e o sentir, ainda, o corpo dormente como quem acordou no entanto não retomou a sua consciência integralmente.
E, foi nesse deambular de pensamentos que uma multidão de questões surgiu em catadupa como: Será que a evolução estética da arquitetura é uma resposta à velocidade com que a sociedade vive, e com isso não tem tempo para criar e apreciar detalhes como nas épocas em que havia tempo para ter tempo? Ou, será que andamos todos tão a correr que a arquitectura evoluiu naturalmente para nos trazer calma e tranquilidade?
Quando penso nas sensações antagónicas que sinto quando entro num edifício antigo cheio de recortes e detalhes por oposição à entrada num edifício de arquitectura contemporânea onde se não sinto tranquilidade e paz nas linhas e cores algo já não bate certo; faz-me pensar que, e para uma leiga em arquitectura como eu, uma época seria mais virada para a contemplação e a outra mais para a sensação.
Bjarke Bundgaard Ingels é um arquiteto dinamarquês, cujas obras arquitetónicas, eu sou fã. Consegue ligar as linhas de simplicidade e fluidez contemporânea com funcionalidade e criatividade, respeitando o lugar onde a nova construção irá ser feita. Um dos exemplos é a A LEGO® House – The Home of the Brick, na Dinamarca. Arrisco a dizer que deve ser a obra mais colorida do seu portfolio.
Será? Queremos analisar menos e sentir mais? Menos espaço para a criatividade e mais necessidade de calma de espírito? Ou, será menos espaço para a contemplação externa e mais espaço, requerido ou imposto, mas para a auto-observação e consciência plena (condição tão própria dos seres humanos)?
Não me interpretem mal, eu sou tão apreciadora de um estilo barroco quanto de um contemporâneo. Cada um, à sua maneira, faz-me pensar e sentir – desperta-me interesse e curiosidade. Mas questiono-me se cada vez mais procuramos demonstrar menos. Linhas mais simples em tudo, desde a arquitectura passando pelo vestuário, chegando à decoração da casa ou escritório, ou mesmo aos objectos utilitários do dia-a-dia. Pergunto-me se no meio desta busca pela simplicidade estilizada não estaremos a perder a nossa identidade individual, e com isso fazendo crescer o medo de sermos criativos.
E com isto o sol nasceu e tendo o estore aberto deparei-me com os detalhes que as plantas no parapeito da minha janela fazem, quase que a lembrar um espetáculo de marionetas. Celebremos as coisas simples, mas com detalhe e significado, que fazem de cada dia um dia diferente com novas aprendizagens criativas à espera.
Sejas bem-vindo Setembro!
Até breve,
P.S.: É impressão minha, ou na sombra do lado inferior esquerdo é possível ver um coelho de orelhas levantadas? 🙂